O cenário atual (e o futuro) da participação feminina na ciência

Postado em 10 de jan de 2022
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O que os cientistas Albert Einstein, Isaac Newton, Thomas Edison, Nikola Tesla e Stephen Hawking têm em comum? Eles são alguns dos pesquisadores mais lembrados da história da humanidade e, curiosamente, todos homens.

E a participação feminina na ciência?

Se você pesquisar no Google “principais cientistas” ou “maiores descobertas da história da humanidade”, é bem possível que encontre nomes masculinos associados a esses feitos.

Mas isso quer dizer que as mulheres não tiveram participação nas principais teorias científicas da atualidade? Não mesmo!

Mesmo que a ciência tenha sido por muito tempo vista como uma atividade masculina, muitas mulheres fizeram história e promoveram a propagação do conhecimento.

Existem diversas descobertas feitas por mulheres que serviram de base para o desenvolvimento e continuidade de estudos em áreas como tecnologia, saúde e ciência.

Mas o que aconteceu com essas mulheres?

Grande parte delas foi invisibilizada ao decorrer da história. Por exemplo: possivelmente, você nem sonha, mas o Wi-Fi que você tem em casa e no trabalho é consequência de uma pesquisa desenvolvida por uma mulher.

As mulheres sempre estiveram presentes na ciência, mesmo que em menor número, se comparadas aos homens.

Contudo, os preconceitos, a estrutura patriarcal da sociedade e a falta de reconhecimento foram alguns dos principais empecilhos que atrasaram a participação feminina no meio científico.

Felizmente, na atualidade, mesmo que ainda sejam minoria na área da pesquisa, as mulheres estão ocupando cada vez mais espaços no meio científico e conquistando reconhecimento e prestígio.

Os desafios ainda são muitos, mas importantes mudanças já estão em curso.

Neste artigo, traremos mais informações sobre a participação feminina na ciência e os principais dados sobre a representatividade das mulheres nesse meio. 

Confira:

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Uma breve história da participação de mulheres na ciência 

Durante muito tempo, a presença feminina foi rechaçada em ambientes que pregam a racionalidade e praticam as ciências exatas. Tudo isso motivado pela crença de que o gênero feminino é mais delicado e pertence à ambientes de assuntos domésticos.

Isso, entretanto, não impediu que muitas mulheres lutassem contra essas crenças e garantissem seus lugares dentro das ciências, da tecnologia e da engenharia.

Não são poucas as histórias de pioneiras que venceram os preconceitos de seus tempos para se tornarem parte essencial em descobertas que ainda hoje mudam o mundo.

Segundo Nadia Kovaleski, Cíntia Tortato e Marília de Carvalho, autoras do artigo As relações de gênero na história das ciências: a participação feminina no progresso científico e tecnológico, existem relatos da presença feminina na pesquisa científica desde o Antigo Egito.

Elas citam Hatexepsute no Egito, uma faraó médica que organizava expedições para buscar plantas curativas e Theano na Grécia, aluna de Pitágoras que mais tarde se tornou sua esposa e escritora de livros sobre matemática e física.

A mais famosa das pesquisadoras da antiguidade é Hipátia de Alexandria, que estudava astronomia e matemática e ficou conhecia por inventar o densímetro, instrumento que permite medir a densidade de líquidos.

Desde os tempos mais remotos, diversas outras pesquisadoras e inventoras da área de exatas surgiram e se destacaram. Entre elas, podemos citar:

  • Marie Winkelmann Kirch, primeira mulher a descobrir um cometa;
  • Émilie du Chatelet, tradutora das obras de Newton e teórica de física;
  • Florence Rena Sabin, primeira mulher a ganhar uma cadeira na Academia Nacional de Ciências dos EUA por seu trabalho com o sistema linfático e imunológico;
  • Chung-Pei Ma, liderou a equipe de cientistas que descobriu dois dos maiores buracos negros já observados;
  • Gertrude Belle Elion, vencedora do Nobel em 1988 por criar medicamentos para amenizar sintomas de leucemia, herpes e HIV/AIDS;
  • Juana Miguela Petrocchi, especialista em entomologia que descreveu 11 espécies de mosquitos;
  • Chien-Shiung Wu, física chinesa que se tornou a primeira presidente mulher da American Physical Society nos EUA.

E a lista não termina com estes nomes, já que a participação das mulheres na ciência é extensa e cheia de importância. Se você quiser conferir todas, sugerimos esta cronologia na Wikipédia.

Mulheres na ciência no século 20 

Você já ouviu falar de nomes como Elizabeth Fulhame, Marie Curie e Hedy Lamarr?

Elizabeth Fulhame foi uma das primeiras pesquisadoras profissionais na área da química, realizando três descobertas primordiais: as reduções metálicas, a catálise e a fotorredução, primeiro passo rumo à fotografia. 

Já a polonesa Marie Curie, foi uma das poucas cientistas que conseguiu destaque e reconhecimento enquanto viva.

A cientista realizou pesquisas pioneiras sobre a radioatividade e descobriu e conseguiu isolar isótopos dos elementos polônio e rádio.

Curie se tornou a primeira mulher a receber o prêmio Nobel de Física e, em 1911, foi agraciada com o Nobel de Química, tornando-se a primeira pessoa a conquistar o prêmio duas vezes. 

A austríaca Hedwig Eva Maria Kiesler – conhecida como Hedy Lamarr – foi responsável por diversas invenções e descobertas que revolucionaram a tecnologia da comunicação. 

Considera “mãe do wi-fi”, durante a Segunda Guerra Mundial, ela inventou, em parceria com George Anthiel, um aparelho de interferência em rádio para despistar os radares nazistas. Essa tecnologia ainda é usada nos dias de hoje nas redes móveis, dispositivos bluetooth e wi-fi.

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Como é a participação feminina na ciência hoje

Todas as mulheres citadas acima foram cientistas importantes para a história da humanidade. Contudo, seus nomes ainda não aparecem com tanta frequência nas pesquisas e nos livros de História quanto os masculinos.

Publicado na Science, em 1965, o artigo Women in Science: Why So Few?, de Alice Rossi, discutiu a participação das mulheres na ciência e tecnologia nos EUA nos anos de 1950 e 1960.

Os dados mostraram uma participação reduzida nas seguintes áreas: nas engenharias, elas representavam cerca de 1% do total de empregados; já nas ciências naturais, a participação foi de aproximadamente 10%, oscilando entre 5% na física e 27% na biologia.

No entanto, felizmente, o quadro atual da participação das mulheres na ciência hoje difere daquele apresentado por Rossi para os EUA nos anos de 1950-1960.

E foi a segunda metade do século XX que trouxe mudanças significativas nesse quesito.

Um estudo da Unesco mostrou que a participação de mulheres em instituições de educação superior cresceu de forma significativa nas décadas de 1970, 1980 e 1990 em países da América Latina, Ásia e Europa Ocidental.

Esse crescimento aponta para uma maior entrada de mulheres no sistema de produção científica, considerando que as universidades são responsáveis por grande parte da ciência mundial.

Como é a representação feminina na ciência no Brasil?

De acordo com o CNPq, as mulheres constituem 43,7% dos pesquisadores científicos no Brasil. A nível mundial, esse valor desce para 30%, segundo a ONU.

No CNPq, a curva é otimista e aponta que o número de mulheres pesquisadoras vai superar o de pesquisadores do gênero masculino dentro de uma década. Porém, o mesmo não acontece em cargos de liderança dentro da pesquisa científica.

Menos de 10% dos membros da Academia Brasileira de Ciências é mulher e apenas 21% dos coordenadores de projetos temáticos da FAPESP pertence ao gênero feminino, para dar alguns exemplos.

Isso acontece por diversos fatores, como ainda vamos explorar neste artigo, mas o principal é a discriminação contra pesquisadoras.

Segundo um relatório da Elsevier intitulado “A jornada do pesquisador através de lentes de gênero” divulgado em 2020, um estudo que envolveu 15 países, incluindo o Brasil, embora a participação feminina nas ciências exatas esteja aumentando, a desigualdade permanece quando o assunto são publicações, citações, bolsas concedidas e colaborações.

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Por que o número de mulheres na ciência é pequeno?

Apesar de avanços ocorridos no século 20 em direção à igualdade de gênero e ao empoderamento das mulheres, o progresso tem sido lento e as disparidades persistem em todo o mundo. 

De acordo com o artigo Women in Science, mesmo com todos os avanços sociais, as mulheres representam apenas um terço dos cientistas em todo o mundo e, muitas vezes, enfrentam discriminação baseada em gênero e desigualdades de oportunidades.

Na contramão, as mulheres são maioria na graduação e na pós-graduação.

Um estudo do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira descobriu que quase 59% dos estudantes universitários do país são mulheres. Porém, quando o recorte da pesquisa foca em cursos de exatas, o número de mulheres matriculadas cai para 41%.

Quando falamos das engenharias, esse número cai bastante, ficando em 29% de alunas (sendo que na engenharia mecânica, por exemplo, o número cai ainda mais: para 10% de mulheres).

Ou seja, mesmo estando presentes como maioria no ambiente de pesquisa, a universidade, as mulheres ainda são vistas na área de exatas como algo fora do lugar. Por que isso acontece?

O primeiro palpite de pesquisadoras da área é que esta é uma questão de aprendizado social, uma falsa noção perpetuada de que as ciências exatas não são coisa de menina.

Um exemplo simples desses estímulos seriam os brinquedos dados à meninos e meninas, que enalteceriam diferentes habilidades.

Por exemplo, aos meninos são dados brinquedos que estimulam a construção (blocos de montar e caixas de ferramentas) e atividades ao ar livre (como bolas e carrinhos, por exemplo).

Já para as meninas, o brinquedo que as acompanha desde a primeira infância são as bonecas e o brincar de casinha, que estimulam o cuidado, o uso da imaginação e da linguagem.

Esses seriam, então, aprendizados que as meninas trariam desde a infância e que culminariam em elas optarem por cursos de humanas ou biológicas quando chegassem ao vestibular.

A maternidade como obstáculo para a pesquisa

Além da influência que os valores sociais podem ter sobre a escolha da profissão por uma vestibulanda, ainda existem outros fatores que a acompanham na vida adulta que podem dificultar ou até impedir sua atuação como pesquisadora.

Nesse sentido, falamos sobre a maternidade e o peso que a criação de filhos tem sobre a mulher socialmente. Embora o número de mulheres bolsistas de pesquisa seja expressivo em período de graduação e pós-graduação, esse número diminui conforme a faixa etária vai aumentando.

Dentre as bolsas de produtividade oferecidas pelo CNPq, por exemplo, apenas 19% foram concedidas para mulheres entre 30 e 34 anos e 25% para mulheres entre 35 e 39 anos.

A porcentagem volta a aumentar conforme a faixa etária da mulher aumenta também, atingindo o maior número na faixa etária de 45 a 54 anos.

A pequena porcentagem de bolsas concedidas para mulheres entre 30 e 39 anos coincide com o período da maternidade. Entre 2000 e 2019, a parcela de mulheres que se tornam mães nesta faixa etária no Brasil subiu de 26% para 39%.

Ou seja, conforme uma mulher se aproxima da maternidade, menos chances como pesquisadora ela terá. E devido a essa realidade, diversos movimentos sociais têm buscado uma solução para vencer esse obstáculo.

Uma conquista recente e que pode facilitar a vida das pesquisadoras que optam por serem mães é a presença da licença-maternidade no Currículo Lattes.

Sem o documento, o pesquisador praticamente não existe, e uma das formas de avaliação para bolsas de pesquisa é a produção científica, medida principalmente pela publicação de artigos e participação em eventos.

Se um pesquisador passa muito tempo sem publicar artigos ou participar de eventos, ele pode ser considerado como alguém que não produz ciência.

Logo, uma mulher que precisou pausar sua carreira acadêmica para cuidar de um bebê perde muitas chances de conseguir bolsas, mesmo depois que o filho cresce e ela pode voltar à pesquisa.

Intitulada como “Licenças”, a nova seção do Currículo Lattes é uma demanda de mulheres pesquisadoras, mas principalmente uma pressão de organizações que buscam equidade, como o Movimento Parent in Science.

É importante destacar que embora a pressão tenha vindo principalmente das pesquisadoras, a medida também beneficia a licença-paternidade. 

O machismo enfrentado no ambiente de pesquisa

O relatório da Elsevier intitulado A jornada do pesquisador através de lentes de gênero traz alguns detalhes sobre a participação das mulheres na ciência.

O estudo examinou a participação em pesquisas, progressão na carreira e percepções em 26 áreas temáticas de toda a União Europeia e em 15 países, incluindo o Brasil. 

De acordo com o levantamento, embora a participação das mulheres na pesquisa esteja aumentando em geral, a desigualdade ainda permanece. Em todos os países, a porcentagem de mulheres que publicam internacionalmente é menor do que a de homens.

Em termos de citações – que apontam o quanto uma publicação é relevante para os pares –  também há uma diferença de gênero sobre como são acumuladas: trabalhos de autoria de mulheres são citados com menos frequência do que de homens.

Os preconceitos, principalmente o machismo, são os principais entraves que as mulheres enfrentam no meio acadêmico.

Em vez de ser um espaço plural, a universidade se revela muitas vezes como um lugar de preconceito implícito à mulher, principalmente no que diz respeito à progressão na carreira acadêmica e científica.

A pesquisa Women in Science, organizada pela Fundação L’Oreal, revelou que 67% dos entrevistados acreditam que as mulheres não estão qualificadas para alcançar êxito em uma carreira científica.

Somente 33% disseram que as mulheres possuem as qualidades ideais para se juntar às linhas dos maiores físicos, químicos e biólogos do mundo das pesquisas.

Esse tipo de preconceito é o que impede milhares de cientistas qualificadas de obter o reconhecimento e o espaço no meio científico que elas merecem.

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As áreas da ciência em que as mulheres são a maioria 

Apesar dos preconceitos enfrentados e da falta de reconhecimento, a participação das mulheres na ciência está aumentando. Não é à toa que existem diversas áreas em que as mulheres já são maioria no meio científico. 

De acordo com o estudo da Elsevier que mencionamos anteriormente, as mulheres já são maioria nos seguintes campos da ciência:

  • Bioquímica: 52.7%
  • Odontologia: 52.4%
  • Imunologia e Microbiologia: 57.7%
  • Medicina: 52.7%
  • Neurociência: 54.3%
  • Enfermagem: 73%
  • Farmacologia: 57.6%

De acordo com relatório, no período de 2009 a 2013, as cientistas brasileiras publicaram até dez vezes mais o primeiro artigo de suas carreiras do que em anos anteriores.

A área médica teve 11.911 primeiras publicações entre mulheres, contra 10.956 entre homens.

Segundo o estudo, o maior aumento na proporção de mulheres entre os autores foi visto na enfermagem e na psicologia, e o menor foi nas ciências físicas.

As cientistas no combate à pandemia

Durante a pandemia provocada pela Covid-19, a ciência e as pesquisas demonstraram ainda mais sua relevância, não apenas para o desenvolvimento de vacinas, mas contribuindo para a sociedade em diferentes áreas.

Nesse sentido, diversos cientistas se destacaram, trabalhando em diferentes linhas de pesquisa e projetos, desde a identificação do coronavírus até a produção das vacinas e a divulgação científica.

Conheça mais sobre o trabalho de algumas das principais cientistas brasileiras dedicadas ao combate à Covid-19:

  • Ester Cerdeira Sabino: liderou o grupo de pesquisa que realizou o sequenciamento completo do genoma do coronavírus (SARS-CoV2) em apenas 48h, após o primeiro caso confirmado de coronavírus na América Latina.
  • Jaqueline Góes de Jesus: parte do grupo da Dra. Ester, a pesquisadora utilizou seus conhecimentos no desenvolvimento e aprimoramento de protocolos de sequenciamento de genomas de vírus para o rápido sequenciamento do coronavírus (SARS-CoV2), no tempo recorde de 48h. No final de 2020, a cientista foi convidada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para integrar o #TeamHalo, iniciativa que reúne diversos pesquisadores com o objetivo de promover a divulgação científica sobre a Covid-19 no TikTok.
  • Daniela Trivella: coordena a força-tarefa da Covid-19 do LNBio/CNPEM, que abrange projetos de estudos estruturais e biofísicos com proteínas do SARS-CoV-2 e reposicionamento de fármacos contra a Covid-19.
  • Nísia Trindade: presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a primeira mulher a ocupar esse cargo em 120 anos da instituição. A Dra. Nísia lidera as ações da Fiocruz durante a pandemia, incluindo ensaios clínicos da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford.

Grandes cientistas brasileiras com trajetórias inspiradoras 

A lista que reunimos abaixo contém mulheres de diversas áreas, desde as ciências biológicas até a física, que contribuíram como ninguém para o avanço científico do Brasil e do mundo.

Nise da Silveira

Foi uma médica que mudou completamente a maneira como doenças psiquiátricas são vistas.

Nascida em 1905, ela se formou em medicina em 1931 na Bahia, sendo a única mulher entre outros 157 estudantes do sexo masculino.

Contrata em 1944 para trabalhar no Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, Nise se opôs às práticas usadas para tratar os internos: técnicas como eletrochoque, camisas de força e isolamentos eram comuns.

Devido à sua oposição, ela foi transferida para a ala de terapia ocupacional do centro psiquiátrico como forma de punição, já que esta era uma área com poucos recursos e prestígio, porém é lá que Nise começa sua revolução.

Em vez de terapias baseadas em surras e limpeza pesada do local, Nise propôs a pintura. Ela trocou os castigos pela expressão através da arte e isso trouxe resultados surpreendentes. Os pacientes não apenas apresentaram melhora, mas também produziram obras de arte.

Nise também foi pioneira em entender os benefícios de terapias com animais, permitindo que seus pacientes cuidassem dos cachorros que viviam no pátio do centro psiquiátrico.

Nise da Silveira não só foi uma pioneira, mas uma mulher que buscou a humanização em tudo o que propôs a fazer. Ela foi uma mulher forte e inteligente, que marcou para sempre a psiquiatria e é um exemplo para as mulheres na ciência.

Sônia Guimarães

Aos 64 anos, a paulista Sônia Guimarães é uma mulher pioneira na ciência brasileira por conta de suas conquistas no universo da física.

Mulher negra, ela concluiu a faculdade de física em 1979 e em 1989 se tornou a primeira mulher negra brasileira a se tornar doutora pela University of Manchester Institute of Science and Technology, na Inglaterra.

Ela entrou para o quadro de professores do ITA, Instituto Tecnológico da Aeronáutica, em 1993, uma época em que era uma das poucas mulheres no campus. Isso porque o instituto só passou a aceitar o ingresso de alunas em 1996.

Por conhecer os desafios que uma mulher negra enfrenta no ambiente acadêmico, Sônia é uma voz poderosa na busca pelo fim das desigualdades raciais e de gênero nas ciências.

Ela participa de projetos que visam incentivar as meninas a se interessarem pelas exatas e também ao empreendedorismo. Além disso, Sônia também é mantenedora da Universidade Zumbi dos Palmares e conselheira do Conselho Municipal Para a Promoção de Igualdade Racial (COMPIR), da prefeitura de São José dos Campos.

Graziela Maciel Barroso

Nascida em 1912, Graziela Maciel Barroso é um nome essencial para a botânica, sendo conhecida como a principal taxonomista de plantas do país. Graziela foi educada para ser dona de casa, casando-se aos 16 anos com o agrônomo Liberato Joaquim Barroso.

Devido ao trabalho do marido, ela conheceu diversas regiões do Brasil e aos poucos começou a se interessar pelo campo.

Aos 30 anos, ela começou a estudar botânica em casa com o marido e em 1946 se tornou a primeira mulher a fazer concurso para naturalista no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Graziela trabalhava com sistemática de plantas e, embora não tivesse curso superior, treinava estagiários, mestrandos e doutorandos.

Foi apenas aos 47 anos que Graziela ingressou no curso superior de biologia da Universidade do Estado da Guanabara, e aos 60 defendeu sua tese de doutorado na Universidade Estadual de Campinas.

Durante sua atuação profissional, ela foi responsável por identificar 25 espécies de vegetais, batizados com seu nome, como Dorstenia grazielae (caiapiá-da-graziela) e Baubinia grazielae (pata-de-vaca).

Graziela teve suas conquistas reconhecidas em vida, recebendo a medalha Millenium Botany Award e sendo convidada para fazer parte da Academia Brasileira de Ciências. Infelizmente, a cientista faleceu em 2003, um mês antes de poder assumir seu lugar na ABC.

O que esperar do futuro? 

Por mais que a representatividade das mulheres na ciência ainda esteja longe da equidade, já é possível notar diversos avanços ao longo da história.

O meio científico acompanha e reflete as mudanças que estão em curso na sociedade. 

Dessa forma, conforme avançamos em questões relacionadas à representação e empoderamento, a tendência é que cada vez mais mulheres conquistem espaço e reconhecimento no meio científico. 

Contudo, só esperar pelas mudanças sociais não é suficiente.

Fazem-se cada vez mais necessárias políticas públicas que reflitam sobre as desigualdades e procurem ampliar a participação feminina na ciência, garantindo acesso e oportunidades iguais. 

Essa mudança começa desde a escola, incentivando e encorajando meninas a conhecer e atuar na área científica.

Essas transformações de atitude e pensamento são essenciais para construirmos um futuro com mais oportunidades e valorização para todas as mulheres.

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Redação Blog do EAD

Por Redação Blog do EAD

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